A essência de um bebe está relacionada à sua necessidade de estar conectado amorosamente a um cuidador. Um cuidador, que esteja disponível para amá-lo, mostrar-lhe lentamente o mundo, sem atropelos, e, ao mesmo tempo, ser uma pessoa capaz de responder às suas necessidades fisiológicas (alimentação, higiene, sono, estímulos) e emocionais.
Às vezes, recebo mães, que temem, que seus filhos se viciem em colo, e, que no futuro, se tornem crianças dependentes e inseguras. Para tanto, acreditam, que deixar chorar, é uma forma de ajudar o bebê a se endurecer, e, a se tornar resistente para enfrentar a vida amanhã. Respondo que o tempo, que o bebezinho vai permanecer nos braços ternos e amorosos, no peito macio e suculento, é muito curto, em relação ao tempo de vida total da criança, que o amor do cuidador, e, sua disponibilidade afetiva fará toda a diferença na construção sólida do bebê no futuro.
A criança começa a criar seus laços afetivos desde o nascimento, e, é por meio desse contato, “pele-a-pele” (mãe-filho), que se dá o apego precoce, pois, é nas horas seguintes, após o parto, onde ambos estão muito sensíveis e disponíveis e a se conectarem.
O pronto contato após o parto é como um prêmio para a díade, pois, após terem aguardado um ao outro, por nove meses, acontece o feliz encontro. É nesse encontro sutil e fora de qualquer entendimento objetivo, que a vinculação vai “amalgamando” mãe e bebê.
Em meio a uma dança harmônica e num compasso lento, a amamentação entra não só como uma fonte nutridora do bebê, mas também proporciona experiências de amorosidade e estabilidade emocional para a dupla. No aleitamento, um vinculo muito forte é estabelecido, ativando inúmeros processos químicos, dentro do corpo materno e do lactente. Esse emaranhado bioquímico dispara na mãe e no bebê um desejo de estarem juntos, e, ainda de quebra, promove calmaria, segurança e bem estar.
Bebês acalentados, ninados e aconchegados estão resguardados das incertezas do mundo. Eles se sentem protegidos, o nível de estresse é reduzido, e, no período em que estão acordados se sentem tranquilos. O ambiente se torna um gostoso ninho. Portanto, calmaria e aconchego podem ser entendidos como importante estimulo para o desenvolvimento físico e mental do pequenino. Os braços da mãe brindam com carinho e afeto o bebê.
E o soninho? O que dizer de dormir com o papai e a mamãe? Algumas famílias optam pela cama compartilhada, outras deixam o berço ao lado da cama do casal. A mãe e o pai, que se dispõem a dividir a noite próximo ao bebê, proporcionam redução da angustia de separação, melhora do descanso noturno e ensinam seus pequenos, que dormir é um momento agradável e seguro, que seus filhos podem relaxar confiantes na presença de um adulto protetor. Não estou afirmando, que as crianças devem dormir com os pais para sempre, pelo menos nos primeiros meses, depois disso os pais podem ir “dando linha”.
Com certa previsibilidade e flexibilidade, o bebê vai descobrindo o que vem a seguir e adquirindo noções de rotina (mamar, arrotar, trocar fralda, brincar, dormir) e nesse vai e vem diário, os pequenos vão compondo um dia habitual em família.
Traduzir nossos gestos, ações e atitudes, em palavras, ajuda a introduzir o bebê na linguagem falada e não falada. Aos poucos ele vai aprendendo a decodificar nossos gestos, palavras, expressões faciais, etc. Lembrar que o bebê, desde que nasce já sabe falar! Eles falam por meio do choro, das caretas, do movimento corporal, e, na maior parte das vezes significa “eu preciso de…”.
Procure manter o equilíbrio, o bom senso, e, um filtro protetor contra “pitacos”. Afinal todo mundo tem um para dar! Reserve um tempinho para você, e devagar, vá recuperando sua auto-referência: cuidar do corpo, dos cabelos, investir numa roupa nova, ou, num visual moderno. Deixe o papai assumir com você as responsabilidades junto ao bebê, e lembre-se: pai não ajuda, ele partilha e compartilha cuidados e amor.