Durante meus caminhos, por essa vida a fora de terapeuta, caiu em minhas mãos o primeiro volume de um autor que estudou muito a relação mãe-bebê – John Bolwby. Esse cara legal e antenado, pesquisou o estabelecimento do apego seguro na infância e sua relação com a saúde mental no indivíduo adulto.
O apego é algo tão grandioso dentro da relação mãe e bebê, que hoje pode ser entendido como uma expressão da ligação intensa e peculiar entre duas pessoas que estão estabelecendo uma relação muito intima e pessoal. Quem está de fora não pode entender essa conexão, pois, ela transcende o amor e o cuidado banalizado em tantos relacionamentos que são estabelecidos pelo mundo a fora.
Porque estou trazendo esse tema ao nosso leitor?
É que esta semana que antecede o dia das mães me fez refletir o mérito dessa relação sublime entre a mãe e seu filho. Popularmente, as pessoas costumam comentar: fulano é muito apegado a mãe; beltrano é muito apegado a sua família e ciclano é muito apegado a namorada ou a esposa.
Estar apegado é algo que tem a ver com a conexão estabelecida entre alguém que se quer bem – é estar vinculado amorosamente a um parceiro.
Apegado é querer estar próximo de quem se quer bem e esse alguém não pode ser substituído por nenhum outro. É um alguém especial, e, como tal tem qualidades afetivas nutridoras de amor e fonte intensa de carinho e respeito. É um alguém chamado “Mãe”.
Essa mãe é fonte exaustiva de segurança, amparo e calmaria. Tem seu jeito peculiar de ser e de cuidar. Não admite ser julgada ou criticada, pois, entende que está fazendo seu melhor e ninguém faz melhor do que ela.
Alguém apegado se sente aderido a uma base segura, e, pode se dar ao direito de explorar ao seu redor, dar uma volta pelo mundo a fora e voltar correndo para os braços aquecidos e protetores da figura cuidadora e amorosa.
Se pensarmos nos seres humanos, são os indivíduos do reino animal mais frágeis e indefesos ao nascer. São incapazes de sobreviver sozinhos por um longo período de tempo. Assim, os bebês se apegarem as suas mães é uma forma amorosa de sobrevivência e manutenção da espécie.
Desde o início, a mãe propicia a formação de um ambiente acolhedor, o qual facilita o apego de seu filho em relação a ela. Devagarinho, a dupla vai tecendo experiências dentro de um modelo seguro de apego e por causa desse modelo, o bebê vai criando expectativas positivas sobre o mundo e confiante de que sua mãe satisfará suas necessidades mais prementes de amor, carinho, acolhimento, amparo e segurança. Ingredientes amorosos para o desenvolvimento saudável de uma boa saúde mental.
A costura de um modelo de apego seguro é capaz de fornecer as “lentes visuais” de como o indivíduo enxergará o mundo no futuro e a si próprio. Pensar que uma mãe é capaz de fazer tanto por seu filho é admirável! Enxergar que uma mãe pode influenciar em como seu filho vai entender e agir no mundo que o espera lá fora é de causar espanto e muita satisfação. É muita responsabilidade para um ser que é puramente humano!
É claro que o vinculo afetivo entre pais e filhos é um processo contínuo, construído desde a gestação e é assegurado e reassegurado conforme as interações vão ocorrendo.
Penso que os bebês ao nascerem sabem que vão encontrar algo mágico e muito especial, embora, ainda não fazem a menor ideia do que seja. Num passe de mágica, surge alguém muito amorosa e disponível, que se oferece de corpo e alma para proporcionar o apego e ao mesmo tempo se vincular amorosamente para sempre. Por isso, o amor materno é algo supremo, sutil e delicado.
O dia das mães, segundo a teoria de Bolwby é todos os dias, pois, não conheço um filho, saudável mentalmente, que não seja apegado a sua mãe. O apego positivo é histórico e transgeracional. É maravilhoso e quando o apego é favorecido desde o início, é para todo o sempre!