Muito tem se falado sobre a importância da meditação nos dias atuais. Não na meditação formal, onde você precisa estar no lugar certo, na hora certa e na posição certa. Falamos de uma meditação mais democrática, se é que posso falar assim.
Meditar é focar sua atenção em algo tangível, seja um pensamento, um objeto, um sentimento, uma parte do seu corpo ou algo que exista no universo. Seria manter a atenção plena. Essa forma de meditação tem se mostrado muito eficaz como uma técnica para reduzir o estresse, melhorar a concentração, reduzir a ansiedade, modular os efeitos da dor crônica, incrementar melhoras de processos depressivos, aumentar a produtividade de maneira sadia nas empresas, favorecer a consciência durante o trabalho de parto, entre outros.
Para o adulto, meditar é entrar em contato consigo mesmo de uma forma sutil e delicada.
Como praticar a meditação com as crianças?
Meditar com a criança é ajuda-la, no primeiro momento, a realizar uma série de atividades cujo enfoque é a respiração – a respiração voltada para algo que ela esteja vendo ou fazendo.
Uma das primeiras pessoas a difundir a meditação voltada ao universo infantil aqui no ocidente foi Susan Kaiser Greenland. A autora relata que num episódio de destempero de seu filho ela resolveu mostrar um globo de neve a criança e percebeu que o movimento da neve oscilando e caindo lentamente, propiciava a calmaria que seu filho precisava naquele momento. Ela repetiu o procedimento por vezes até que conseguiu que seu filho parasse de chorar e contasse o que o amargurava.
Pois bem, meditar com a criança é observar como a neve cai.
É visualizar como um balão colorido se encher de ar lentamente.
É observar e contemplar a natureza, ouvindo o canto de um pássaro ou de uma folha caindo no chão.
É fazer bolinhas de sabão e observa-las lentamente subindo e lentamente descendo.
Meditar com a criança, é mostrar como o ar que ela inspira passa lentamente por suas narinas e chega até seus pulmões num momento de silêncio e de bem estar.
Meditar com criança é sentar ao lado dela e pedir que ela use a inspiração e a imaginação para dar longos saltos sobre o arco-íris durante um período de silêncio, quietude e percebendo que a única coisa que ela tem que fazer é respirar.
Que ela não precisa pensar em mais nada – somente nos balões, nos flocos de neve, ou no arco-íris. Uma coisa por vez. Um ciclo respiratório de cada vez.
Qual a função da meditação para as crianças?
Seria semelhante aos efeitos com o adulto?
A meditação dirigida a criança auxilia a tranquilizar e a acalmar os pequenos. Ajuda as crianças a se manterem no aqui agora, sem “julgar” o que está acontecendo. É como se a meditação ajudasse os infantes a darem um tempo ao tempo. As crianças que meditam desenvolvem a autoestima, são menos impulsivas, dormem melhor, são mais empáticas, se frustram com menos facilidade, são mais plenas, etc.
Por solicitar um movimento ativo da criança em prestar atenção no aqui agora – pois ninguém deixa para respirar depois – a meditação também favorece a concentração. Nesse momento a criança pode atentar ao que ela deseja: controlar uma emoção, melhorar nas tarefas, fazer amizades, etc.
Portanto, meditar ajuda a expandir e flexibilizar o “músculo” da atenção, deixando a criança mais atenta ao que acontece dentro e fora dela, instigando seu próprio “detetive” interno.
Se meditar com as crianças é tão simples por que não usamos mais essa técnica?
Penso que é por desconhecimento ou por acreditarmos que só os monges, yoges e outras pessoas mais preparadas podem fazê-lo.