O nascimento de uma criança é um momento muito especial na vida do casal.
O bebê é o marco que vem para consagrar o amor e o desejo mais sutil de conceber uma família.
Por outro lado, nem tudo são flores e em alguns casos aquilo que deveria transcorrer de maneira harmoniosa entra num período de turbulência. Tudo que foi planejado durante a gestação, após o nascimento do bebê, acaba se transformando em tensão e conflito.
O recém papai percebe e sente que seu mundo não é mais o mesmo e que esse pequeno “serzinho” foi capaz de mobilizar sentimentos e sensações nunca percebidas anteriormente.
Questões conscientes e inconscientes emergem na mente desses pais e num piscar de olhos a criança que esse pai foi, quando pequenino, reaparece num passe de mágica. A criança do passado rouba a cena do presente trazendo consigo experiências relacionais com sua família de origem. Essas experiências, muitas vezes, não são as melhores.
Além do “flashback”, o pai percebe que a vida de casal não é mais a mesma, o ambiente está centrado na figura do bebê e as pessoas ao redor estão mais envolvidas com a mãe e o bebezinho. É quando o pai se pergunta “Parece que eu estou me perdendo de mim. O que está acontecendo”?
Por outro lado, se a mamãe estiver psicologicamente tranquila ela conseguirá se desconectar um pouco do ambiente e se voltar para seu bebê formando uma díade. O estabelecimento dessa relação integradora, sempre que possível, deve ser facilitada pelo pai.
Quando o ciúme paterno aparece essa relação fica mesclada de momentos amorosos e momentos de discórdia e dificuldades relacionais entre os parceiros.
O papai não perece ser ciente desses sentimentos confusos e comportamentos e emoções conflitantes aparecem: indiferença, raiva, desprezo, ansiedade, angústia, negação e sintomas relativos ao estado depressivo (tristeza e irritabilidade), entre outros.
Mas o que é isso que o papai pode estar sentindo?
Ciúme!
Ao mencionar a palavra ciúme, parece que uma carga de valores é colocada no foco. Representa para as pessoas algo ruim e desprezível. Todavia, algo muito mais importante está por ser entendido.
O que o recém papai está sentindo é um medo muito grande de perder o afeto de alguém para outrem. De ser repudiado por experienciar um sentimento tão inaceitável, principalmente ao se tratar de uma criancinha indefesa.
O que fazer numa situação como essa?
Uma boa conversa franca entre o papai e a mamãe pode ser um bom começo. Muitas vezes o deixar emergir os conflitos pode facilitar a consciência dos sentimentos e facilitar o processo de reconhecimento do ciúme e recuperação da relação pai e filho. Em outro momento isso não é possível e a ajuda psicológica é o melhor caminho.
O acompanhamento emocional ajuda o pai a entrar em contato consigo mesmo e simultaneamente “libera” a mãe para que ela possa cuidar, em todos os sentidos, de seu bebê.