Ouça seu filho com empatia e busque soluções para os problemas do dia a dia. Tudo é possível!
Nem sempre é fácil dar a devida atenção às crianças, pois, estamos na maior parte do tempo assoberbados com afazeres domésticos, em trabalhar fora e dar conta da administração geral do lar. Entretanto, lembre-se de que o que vai nos manter conectados aos nossos filhos é a atenção e a escuta ativa associados ao tempo de qualidade que dispomos com eles.
Quando houver algum problema com seu filho e que tenha mobilizado emoções fortes, do tipo, raiva, ira, muita tristeza, ciúme ou outra que você identificar, vale a pena parar, observar sem julgamento o que está acontecendo, nomear e qualificar a emoção que seu filho está sentindo junto com ele e avaliar as consequências dessa avalanche de emoções. Se as emoções de seu filho causaram algum tipo de “abalo sísmico”, temos que parar e averiguar se esse abalo precisa ser reparado de alguma maneira, ou seja, trabalhar a resolução de problemas.
Seu filho pode ter tido uma crise de raiva por que você não comprou um brinquedo que ele queria, o amigo pegou o carrinho que ele estava brincando, a fome bateu na barriguinha e ele não aguentou mais esperar na sala do consultório médico ou você interrompeu uma atividade prazerosa de seu filho para ele guardar os brinquedos, pois, estava na hora de dormir ou outras.
Uma coisa é certa, estimule seu filho a se abrir com você e expressar livremente o que está sentindo e pensando. Facilite o processo empregando perguntas simples e objetivas do tipo: “Parece que você está muito bravo e você sabe por que?” “Foi algo que aconteceu com você na escola (ou outro lugar)?” Você pode empregar outras perguntas que achar melhor para a situação que você está vivendo.
A partir do momento que o sentimento foi identificado e o problema esclarecido, vale a pena buscar resoluções. Ajude seu filho a pensar, mas não pense por ele! Apenas faça uma pergunta curiosa: “O que você gostaria de fazer a respeito desse problema?” Dê um tempo para que seu filho busque uma “chuva de ideias” para resolver a questão, porém, se ele não encontrar nenhuma saída, você pode sugerir algo positivo e enriquecedor para ele.
A semana passada atendi uma mãe que referiu que sua filha teve uma crise de raiva intensa porque não conseguia colocar o bracinho da boneca no lugar. A criança tentou algumas vezes e depois desistiu e arremessou a boneca na parede, mordeu o bracinho e chorou copiosamente por um bom tempo. A mãe disse que nada a consolava e que a única saída que ela havia encontrado naquela hora, foi dar-lhe uns tapinhas no bum bum e coloca-la no cantinho do pensamento por 4 minutos.
Após o relato da mãe e juntas na sessão parental, a mãe percebeu que ela nem havia qualificado as emoções da criança e muito menos tentado entender o motivo de sua filha estar tão raivosa. A mãe percebeu que não soube manejar a situação e partiu direto para o ataque: bater e colocar de castigo.
Como essa mãe poderia ter agido então?
Primeiro, acalmar a criança e perguntando se ela gostaria de um abraço ou simplesmente que a mãe ficasse um pouquinho ao seu lado. Segundo, mostrar a filha que ela estava percebendo que as coisas não estavam bem e perguntar a criança o que ela estava sentindo (raiva, braveza, tristeza, frustração). Terceiro, perguntar o motivo do sentimento tão intenso (no caso a criança referiu que havia tentado colocar o braço na boneca várias vezes e em todas falhou). Quarto, após os passos anteriores, a mãe poderia perguntar a filha como ela acha que poderia resolver o problema. Quinto, caso a filha não oferecesse nenhuma resposta a mãe poderia sugerir algumas: “O que você acha de chamar a mamãe quando você perceber que não consegue resolver algo que você já tenha tentado algumas vezes?”; “Ok, que tal tentarmos juntas colocar o bracinho da boneca?” “Voce segura o corpinho da boneca bem firme e eu vou encaixar o bracinho no local correto – O que você acha?”
Pronto! Teríamos uma boa resolução de problema!
Algumas crianças têm dificuldade em falar o que sentem e pensam quando estão ‘fora do prumo” (raiva, frustradas, muito tristes) e se expressam melhor desenhando, esculpindo na massinha, dramatizando com fantoches ou bonecos ou até inventando músicas. Tudo é válido quando nosso objetivo é ajudar as crianças a identificarem o que elas sentem, pensam e como achar uma resposta adequada para resolver um problema da forma mais assertiva possível.