Por que será que as crianças pequenas mentem?
Existem pessoas que dizem que criança não mente!
A verdade é que a criança pequena vive num mundo especial, “sui generis”!
Um mundo onde a fantasia e a realidade se misturam. Elas apreciam as histórias contadas pela família e ao mesmo tempo se entretêm com os contos de fada, com os desenhos animados, com os contos infantis e com histórias intrigantes, que falam de monstros, bruxas e o escuro. Raciocine comigo, se as crianças pequenas mergulham nesse mundo, não é de se estranhar, que a fantasia se misture com a verdade.
Nesse aspecto, podemos até entender, que a mentira é uma ferramenta, que a criança utiliza para ajudar em seu processo de desenvolvimento. Se é assim ficamos atados, então, num ato mentiroso da criança?
Claro que não! Os pais estão presentes na vida da criança para mostrar o quanto a verdade é uma atitude honrosa, e, o quanto ela é valorizada no seio familiar e social.
Como vimos acima, a mentira pode fazer parte da fantasia e da imaginação do mundo infantil. Porém, mesmo fazendo parte do mundo infantil ela não deve ser estimulada.
É importante que os pais reforcem a honestidade. Para tanto, é preciso dar espaço para a criança contar um fato sem criticá-la de imediato e muito menos ameaça-la. Quando os pequenos percebem que eles podem confiar nos pais e que o falar a verdade é visto como uma boa atitude, isso ajuda as crianças a começarem a entender a diferença entre verdade e mentira.
Ensinamos aos nossos filhos, desde pequenos, que a mentira pode ser tolerada. Certa vez, eu estava na sala de espera de um laboratório, quando uma criança, de cerca de quatro anos, pediu um confeito para a mãe antes da coleta de sangue. A mãe prontamente respondeu, que o confeito havia acabado em vez de lhe dizer que ela precisava permanecer sem comer nada até a hora de seu exame.
Mentir para a criança é passar a ideia de que a mentira, em certos momentos, é admissível, principalmente, quando for para driblar uma situação constrangedora, ou, para se safar de uma punição.
As crianças vão aprendendo, que existem graus de tolerância para mentir. A mentira amarela, é aquela, que no momento aparente não vai causar grandes danos, como a que comentei agora: “O confeito acabou”! A mentira laranja, é aquela, com repercussão menos tolerável: “ Que pena meu filho, eu acabei de dar o último confeito para um menininho pobre que passou”. E a mentira vermelha, é aquela, que o adulto ou a criança criam para impressionar ao outro: “Tudo bem meu filho, depois que você colher seu exame eu vou comprar uma caixa enorme de confeitos e você vai comer o quanto quiser e a hora que quiser”!
Por isso é preciso prestar atenção em nosso comportamento, pois acaba reverberando em nossos filhos, somos o exemplo para eles.
Numa circunstância onde ele afirma que não quebrou o brinquedo, e, você sabe, que ele o fez, diga-lhe, que você entende, que ele não quer ser penalizado, mas que você está muito desapontada por ele estar mentindo. Reassegure a criança, que ele sempre pode lhe contar a verdade, para que juntos vocês possam resolver o problema. Minha experiência tem mostrado, que com atitudes simples assim, as crianças se sentem mais a vontade para encarar a verdade. Ela confia que em sua atitude segura e descarta o medo da punição física ou os castigos contra producentes.
Mostre ao seu filho, por meio de histórias ou acontecimentos, o quanto vale a pena ser honesto e responsável pelas próprias atitudes, que as mentiras trazem consequências danosas. Evite o castigo! É muito mais proveitoso ensiná-lo a aceitar a responsabilidade por um erro, a consertar o problema que causou. Se seu filho pintou a parede da sala e negou o fato, ofereça o material para ele limpar a parede e permaneça ao lado dele oferecendo sua ajuda.
Evite formular profecias: “você não passa de uma criança mentirosa”!
O comportamento de seu filho foi inadequado, mas ele não é inadequado!