As crianças são surpreendentes!
Fazem coisas do arco da velha! Sobem, descem, dão cambalhotas, pulam, dão piruetas, trepam em coisas impossíveis, se jogam com muita desenvoltura e raramente se machucam!
Parecem que são feitas de silicone! Basta dar um beijinho carinhoso no dodói que logo o “chororo” passa e elas voltam a sorrir e a brincar novamente.
Até aqui não estou comentando nada inédito, ou, que cause espanto a qualquer pessoa, que já tenha olhado para uma criança tenaz e cheia de vida. Crianças brincam, choram, questionam, fazem birra, testam limites e algumas roubam!
Nossa! Como é mesmo?
Roubam?
Trouxe esse assunto nesta semana, tendo em vista um email que recebi, via jornal Atibaia Hoje, há cerca de algumas semanas. No email, a senhora comentava ter dois filhos seguidos, ou seja, o mais velho de 8 anos e uma menina de 6 anos.
Percebeu, que de uns tempos para cá, o menino começou a roubar pequenas “coisinhas” (borracha do amigo de escola, balinha no mercadinho colado a sua casa, pequenos objetos na casa dos parentes) e a deixá-las em local visível, como se na verdade quisesse que alguém visse. Conta ainda que sua filha é muito linda, doce, afável e admirada por todos que convivem com ela.
Aqui não é muito difícil entender a reação do garotinho. Afinal ele, provavelmente, quer também ser admirado e valorizado por “coisinhas” interessantes que ele “adquire”. Todavia, aos 7, 8 anos, já é esperado, que a criança saiba que roubar ou tomar para si o objeto de outrem é errado e inaceitável.
O que fazer então?
A primeira coisa é entender que o garotinho está tentando, mesmo que por meio escuso, chamar a atenção de sua família sobre ele, ou seja, talvez por sua irmãzinha ser tão admirada, as pessoas o deixa em segundo plano. Dessa maneira, ele se sente privado do amor de seus pares e tenta cobrar do ambiente esse amor e carinho. O roubo, nessa questão, pode ser visto como uma compensação, uma carência – algo que está faltando em demasia. Não podemos esquecer que o ser humano é sempre carente de algo!
Todavia, os pais ao fingirem, que não perceberam nada, se tornam cúmplices do roubo do filho, coniventes e responsáveis também pelo ato de roubar.
Segundo, os pais precisam passar ao garoto que o amam, que ele tem qualidades importantes e admiráveis, que ele não precisa roubar para mostrar que ele existe. Em seguida, os pais devem conversar com a criança e dizer-lhe que seu comportamento é inaceitável, reprovável e que isso deve parar imediatamente.
Terceiro, sem humilhar a criança com atitudes violentas ou com tortura psicológica, assegurar que a criança devolva o que roubou. Os pais podem acompanhar a criança durante todo o processo, fazendo o pequeno retornar o que ele pegou indevidamente e ao mesmo tempo se desculpar pelo ato com o coleguinha ou com o adulto em questão.
Por último e não menos importante, os pais devem dizer ao filho, que seus dedinhos fizeram algo que sua cabeça inteligente não queria fazer, que sua atitude, até o presente, estava pautada na necessidade de chamar a atenção, que ela é uma criança muito inteligente e capaz de mandar em seus próprios dedos daqui para frente.
Quanto aos pais, estes precisam estar mais presentes e atentos na vida da criança. Ter um momento só deles, deixar os ouvidos abertos para conversar, expor ideias e pensamentos, abrir espaço para o diálogo, e, acima de tudo ter um coração receptivo para as demandas emocionais da criança.