Existe muita literatura comentando sobre as crises que passam a maioria dos bebês, porém, algumas mães e pais as desconhecem. Acreditam que é algo físico.
O bebê, no primeiro trimestre, vive com sua mãe uma fase que é denominada de simbiótica. Estão tão grudadinhos e parecem um só corpo.
É difícil saber onde começa a mãe e onde termina o bebê. Parece chiclete! Por volta do terceiro mês do bebê, ele inicia um processo existencial, no qual passa a olhar, mais intensamente, olho no olho de sua mãe – adora seus gestos e procura imitá-los.
Ele começa a perceber, que a mamãe não é apenas um grande seio, e, assim ele inicia a construção da imagem do outro. O bebê se percebe não tão enredado na mamãe. Precisa “chamá-la” para ser atendido e ter o que precisa (leitinho morno, fraldas limpas, aconchego, etc.). Nesse momento a ansiedade surge, é como se ele pensasse: e agora? E se eu chamar e ninguém aparecer? E se a mamãe for embora, o que será de mim? É ai que começa a crise dos 3 meses.
As mães costumam comentar: meu bebê estava ótimo até alguns dias atrás, mas agora ele acorda várias vezes chorando, fica agitado sem motivo aparente, não quer ficar no colo ou no berço. Parece que nada o agrada!
Calma, isso não dura meses, apenas umas duas semanas, e, a melhor coisa a fazer é ter paciência. Lembre-se ninguém cresce sem crise. É uma fase!
A outra crise ocorre no início do segundo trimestre do bebê, por volta dos 6 meses. A mamãe era a figura mais importante para o bebê, embora o papai também fosse um cara muito legal. Mas é nessa fase, que o bebê percebe com mais entusiasmo a figura do pai, dando início ao que chamamos de triangulação (mãe-filho-pai). Tai mais um motivo para crise!
Alguns bebês ficam mais insones, o apetite diminui um pouco, ficam mais chatinhos e preferem o colo da mamãe a qualquer outro. É a famosa “angustia de separação”.
Nesse período ou um pouco mais, os dentinhos do bebê começam a nascer, e, a impaciência e um pouquinho de agressividade pode ser observada no bebê.
Um pouco mais tarde, ao redor dos 8 ou 9 meses, em algumas crianças pode ser um pouco antes ou pouco depois, afinal gente não é como matemática, não é exata, começa uma outra fase mais chatinha, onde o bebê fica insones, desperta assustado, pode até fazer greve de fome, e, o choro pode ser intenso. Pode durar mais de uma quinzena. O bebê, em sua fantasia, fica temeroso de ficar sem a presença da mãe. Quando a mãe sai de perto do bebê e ele chora, e, por um motivo ou outro, se outra pessoa o atender, a ideia que ele tem, é que sua mãe nunca mais vai voltar. Moral da história, sua angústia aumenta. A criança precisa passar por isso para entender que a presença da mãe pode ser seguida de ausências.
Nessa fase, é importante fortalecer os vínculos, evitar troca de babás ou cuidadores, e, tolerar esse período tão angustiante para a criança. Paciência e amorosidade são as armas para enfrentar mais esta crise. É a fase do estranhamento. O famoso “não é a mamãe”!
A crise dos primeiro ano, é marcada pela ambivalência, oscilações entre as vantagens de ser independente e ao mesmo tempo dependente. O bebê engatinha, esboça os primeiros passinhos, almeja a autonomia, mas ainda precisa do colo amoroso da mãe para se abastecer de afeto. Estão mais independentes. Mexem em coisas proibitivas, abrem gavetas, introduzem os dedinhos em pequenos buraquinhos, sobe e desce do sofá, manipulam o controle remoto da TV, etc. São verdadeiros pesquisadores!
A crise se dá justamente pelo antagonismo: ser independente e ainda precisar do afago e proteção da mamãe. Ele quer fazer muitas coisas, mas as perninhas não obedecem, afinal o cérebro ainda está em desenvolvimento. Haja ansiedade! A criança fica com o soninho mais truculento; durante o dia permanece mais agitada e a alimentação, que andava muito bem se torna menos palatável. Como tudo na vida passa, pitadas de calma, de equilíbrio e afeto são as armas para driblar esse período. Promover um ambiente seguro e acolhedor é a melhor coisa a se fazer.
Essas fases podem até ser difíceis, porém são extremamente marcantes e influenciam diretamente a vida do indivíduo por toda sua existência. Portanto a palavra de ordem é PACIÊNCIA!!