Qual mãe ou adulto nunca presenciou uma criança a beira de um ataque terrível de raiva, birra e choro. A famosa tríade dos dois anos e um pouco mais.
Não importa se essa criança tenha pais amorosos e cuidadosos – a maioria das crianças passa por essa fase. Umas de maneira mais acentuada, outras de maneira mais branda. A tríade é democrática!
Embora a raiva, a birra e as crises de choro estejam presentes no cotidiano das crianças pequenas, existem soluções práticas que vocês, pais cuidadosos, podem lançar mão.
Que tal eu dar uma mãozinha para vocês?!
Mesmo havendo algumas maneiras para lidar com a tríade, é preciso lembrar que cada criança possui o seu Eu particular e as demandas vão depender da particularidade de cada pequenino. O mais importante de tudo é não se apegar a rigidez e sempre que possível lançar mão de certa flexibilidade. Desde que a flexibilidade não fira a coerência e as regras familiares.
Ninguém gosta de viver em um ambiente rígido, sem opções ou escolhas. Que tal, sempre que possível, dar algumas escolhas ao seu filho. Quando você oferece saídas mais atraentes e inteligentes, as crianças são chamadas a refletir e não ficam gastando tempo em “frenhas”.
Os pais tem a tendência em ditar uma norma e não questioná-la, simplesmente por que ao olhar deles, ela é coerente e bem fundamentada em seus preceitos. Bem, quando os pais aproximam os olhos de seus filhos e pedem que eles realizem algo, as crianças se sentem vistas e respeitadas. Procure utilizar uma linguagem clara e concisa, pois esse tipo de comunicação atrai a atenção dos pequenos.
Pense com você mesmo, como você se sente quando você está triste ou com raiva e alguém lhe diz: “Fique calma. Tudo passa!” Tenho certeza que seu sentimento é de descrédito e de não ter sido vista por inteiro. Com as crianças é a mesma coisa. Quando seu filho sentir algo grande, que ele ainda não sabe nomear ou lidar, ajude-o a modular a emoção e a dar nome “aos bois”. Isso ajuda os pequeninos a desenvolver a empatia. Não estou afirmando que nomear emoção é o mesmo que ceder a tentação. É apenas uma maneira de ajudar as crianças a lidarem melhor com a emoção do momento e nós adultos a não negá-las.
Embora, estejamos martelando em sua cabeça que devemos ser continente com os sentimentos das crianças, isso não quer dizer que precisamos ser amáveis o tempo todo. Muitas vezes, os pequeninos precisam de tempo e espaço para lidar com a própria tríade e só num segundo momento entramos com nosso acolhimento. Todos precisam de um espaço após um dia não tão bom assim.
Quando você não está bem ou se sentindo num dia as avessas o que você costuma fazer? Tenho observado que a maioria dos adultos gosta de se recolher em um local sossegado e refletir sobre os acontecimentos. Pois bem, as crianças também merecem um espaço para dar um tempo. Deixe seu filho escolher um local seguro para ele choramingar e deixar extravasar com segurança seus sentimentos negativos. Ofereça algumas almofadas e deixe tocar uma música ambiente calma. Essas medidas ajudam a conter um pouco o excesso de sentimentos em ebulição.
Caso seu filho tenha mais de 2 anos você pode introduzir algumas técnicas de relaxamento breves: respirar profundamente, falar um “aummmmmmmmmmm” bem longo, cantar uma música lenta ou outra forma de relaxamento que você julgue cabível ao momento.
Crianças pequenas, as vezes, precisam de um interlocutor para traduzir suas emoções. Caso você perceba que seu filho está triste, com raiva, frustrado ou outro sentimento negativo, desenhe carinhas com ele e procure nomear cada emoção e contrapor com a versão da criança. Isso ajuda os baixinhos a lidarem melhor com seus sentimentos e reações.
Procure não fazer discurso quando deseja algo. Apenas seja clara e concisa. Quando você não souber lidar com a tríade de seu filho, apenas use a distração ao seu favor. Esteja você onde estiver.
Não caia nas armadilhas do cotidiano e use a prevenção ao seu favor. Caso você necessite ir ao supermercado e seu filho tenha que ir junto, converse antes e diga que você não pode comprar tudo que ele deseja, mas ele poderá escolher três coisas ou apenas diga que hoje o dinheiro só dará para comprar comida, mas que em outra oportunidade você comprará algo para ele.
Não aceite choramingo. Quando o pequeno começar o “chororô” diga que você não consegue entendê-lo. Que é preciso parar de chorar e falar direitinho, e, que só assim você dará uma resposta. Não grite, apenas seja claro.
Grave um episódio de seu filho exibindo a tríade e depois mostre a ele. Essa é uma forma lúdica de mostrar a criança como ele fica inadequado e pouco entendível quando ele age dessa maneira. Pode ser bem engraçado.
Não esqueça de enfatizar as coisas boas que o pequeno faz. Elogios na hora certa pode fazer milagres!