Eu sei que não é nada fácil dividir o mesmo teto, viver e compartilhar as coisas a dois.
Para desfrutar de uma vida de casal é preciso despontar algumas habilidades relacionais, e, dentre elas é possível citar: saber lidar com as divergências, ser cuidadoso com o comportamento do dia a dia, estar em sintonia com o parceiro e acionar nosso botão empático na maior parte das vezes.
Será que só isso resolve?
A maioria dos estudos relacionais insere no contexto citado, a capacidade dos parceiros em saberem utilizar a inteligência emocional a favor da relação.
Mas o que seria a inteligência emocional a favor da relação a dois?
Na semana passada falei sobre como os pais deveriam ajudar seus filhos a modularem as emoções, pois bem, os pais seriam os vetores para ajudarem seus filhos a identificar e a lidar com as emoções e sentimentos difíceis de serem encarados no cotidiano infantil.
Na vida relacional seria semelhante. O casal usaria a inteligência emocional a favor do relacionamento. Acionariam dentro de si o autocontrole e o autoconhecimento como uma maneira de driblarem as crises e enfrentarem momentos difíceis na união.
Não estou querendo dizer que os casais podem evitar divergir o tempo todo. Por outro lado, eles podem aprender a respeitarem o ponto de vista de cada um sem achar que pensar diferente seria uma posição do contra.
Brigar o tempo todo pode desgastar até as relações mais apaixonantes da face da terra, não há quem aguente viver sob o domínio do medo de que em breve outra discussão pode emergir.
Para viver uma relação bacana seria interessante que o casal tivesse em mente que é sempre melhor resolver o conflito do que jogá-lo para debaixo do tapete, pois, um dia o pó aparece e fatalmente poderá causar uma grande alergia.
Casais que usam a inteligência emocional a seu favor pensam no conflito antes dele aparecer. Dialogam sobre um determinado problema de maneira aberta, sem preconceitos e procuram, acima de tudo, chegar a um consenso. O casamento é um time, não há divisões. Ambos estão jogando do mesmo lado e a cooperação deve ser contínua e focada.
Imagine um casal que não estabelece uma comunicação empática um com o outro – Como poderia ficar o dia a dia? Creio que num desgaste só! Provavelmente um cederia em detrimento do outro, porém cheio de mágoas e figurinhas de ranços seriam colecionadas e aderidas em um livro negro secreto, que poderá ser usado nas trocas de ressentimento. Do tipo “toma lá dá cá”.
Casais que conseguem ser mais cooperativos e empáticos, um com o outro, tendem a ser mais companheiros e lidam com as dificuldades sem tantos atropelos e dissabores. Os filhos, embora, percebam que as coisas não estão bem, se sentem seguros em deixar os problemas de casal com o casal. Não tomam para si a resolução do conflito como se fossem os salvadores do casamento. Não precisam, inconscientemente, ir mal ou dar problema na escola, desenvolverem doenças de maneira intermitente, ou, até mesmo se isolarem em um mundo a parte.
Portanto, desenvolver a inteligência emocional dentro do casamento pode ser uma maneira muito eficaz de viver e conviver. Todavia, exige empenho e sabedoria. O casal precisa se conhecer e se reconhecer dentro da relação, entendendo que embora vivam a dois, cada um faz parte de seu universo como pessoa.