Qual mãe nunca tentou sair de casa e no mesmo momento a criança começa a chorar ou a gritar: “eu quero a mamãe”! É a famosa ansiedade de separação!
Esse é um assunto delicado, pois estamos falando da ansiedade de separação (AS) – um medo que o bebê ou a criança de cerca de dois anos sente em se separar de seu cuidador. É um medo normal esperado para essa faixa etária.
As crianças que experienciam com frequência a AS podem expressar sintomas somáticos como; dor de barriga, tonturas e dor de cabeça.
O medo é uma emoção normal experimentada por todos os humanos e aparece em qualquer faixa etária – o medo é ancestral e veio como forma adaptativa para preservar a espécie. O medo nos ajuda a enfrentar um desafio ou a fugir dele e dessa maneira preservar nossa vida e de outrem.
O medo está relacionado a algo palpável (objeto ou situação). Por outro lado, a ansiedade se caracteriza por uma sensação desagradável de apreensão. É como se nos detivéssemos a algo que vai acontecer no futuro – em algo que pode ou não acontecer.
A ansiedade não é de toda ruim, pois, ela pode nos estimular a realizar uma tarefa a tempo ou nos ajuda a manter a atenção em algo (pessoa, objeto, tarefa, etc.).
Todo ser humano tem uma tendência a ser apegado a seus pais ou figura cuidadora. O bebê ao nascer já se apresenta ao mundo com comportamentos e atitudes de apego (sorriso, olhar, choro).
O problema acontece quando os pais confundem apego natural e seguro com superproteção ou dependência. Tão importante quanto aprender a estar junto é aprender a se separar dos pais com delicadeza e tranquilidade – tudo a seu tempo.
Aos dois anos de idade ou por volta disso, a criança de 2 anos consegue entender que o afastamento dos pais (trabalhar, passeio, compras, etc.) não significa ter sido abandonada e que suas figuras representantes de amor voltam em breve.
A criança consegue entender isso quando o vínculo positivo foi desenvolvido dentro da família. Ela confia no amor de seus pais. Quando a criança entra no transtorno de ansiedade de separação (TAS), ela já desenvolveu uma desordem emocional, e, nesse caso ocorre uma ansiedade excessiva em função do afastamento dos pais.
Não confundir ansiedade de separação, que é normal nas crianças pequenas (6 meses a cerca de 2 anos), com transtorno de ansiedade de separação (TAS).
O TAS pode ser observado nas crianças em idade pré-escolar, gerada pela ausência do cuidador imediato e causando forte prejuízo emocional para essas crianças. Os pequenos sofrem só de pensar em se separar de seu cuidador, se preocupam com frequência que algo de ruim possa acontecer com seus pais ou de que alguma coisa aconteça e provoque sua separação em relação a suas figuras amorosas.
Algumas crianças se recusam a entrar na escola, ir a festinhas, frequentar clubes ou atividades sociais com medo de se separarem de seus cuidadores. Outras crianças não toleram ficar em casa sem seus cuidadores, mesmo que seja por um curto período de tempo.
Dormir fora de casa nem pensar!
Pesadelos relacionados a separação podem ser usuais, reforçando o medo dessas crianças em se separar de seus cuidadores.
Quais seriam as possíveis causas para o TAS?
Várias situações podem influenciar no desenvolvimento do TAS, entre elas é possível destacar: mudanças (escola, domicílio), doenças familiares graves, separação conjugal, perda de um dos pais (divórcio, morte, desaparecimento), reportagens televisivas que a criança não tem capacidade ainda para lidar ou interpretar (assassinatos, sequestros, guerras). Todas essas situações podem impactar a criança a ponto delas se sentirem em perigo eminente.
O que fazer se meu filho apresentar sinais de TAS?
A avaliação do pediatra pode ser a porta de entrada e a seguir a consulta com um terapeuta infantil.
Ambos vão somar esforços para recuperar a segurança, a auto-referência de seu filho e a confiança familiar.