Construa um registro mental do mundo de seu filho e jogue no time dele para entender suas emoções e suas atitudes.
Por mais que estejamos tentando trabalhar as emoções e os sentimentos com nossos filhos, nem sempre as coisas acontecem às mil maravilhas. Não é de pronto que as crianças identificam o que sentem e o que podem fazer com seus sentimentos. Nem nós, adultos, somos sempre coerentes com nossas emoções. O que dirá os pequenos!
As crianças, por sua imaturidade, não são constantes e, por vezes, não sabem referir por que estão de determinada maneira, por que está de mau humor ou por que se sente angustiada. Quando isso acontece, o adulto deve manter um registro mental dos lugares que a criança costuma habitualmente ficar: escola, casa de amiguinhos, casa de parentes, aulas extra-classe, própria casa, etc. Isso é uma maneira de mostrar que você se importa com o mundo de seu filho, que juntos vocês podem tentar encontrar uma razão para o estado de humor ou se é apenas um momento transitório de querer simplesmente ficar quietinho.
Quando os pais têm em mente um registro mental dos lugares por onde o filho delineia seus passos, fica mais fácil identificar uma possível causa para a mudança de humor. Os pais sabem quem são os amigos que o filho aprecia, sabe quem são os amigos menos toleráveis por seu filho, sabem da estima da criança pela professora e dos demais adultos que as circundam e, assim, fica mais fácil “adivinhar” o motivo da mudança de humor.
Pensar no registro mental do mundo infantil pode dar um certo trabalho, pois, exige atenção. Porém, gastar um tempo conhecendo a creche, a escola, os amigos, as professoras, os pais dos coleguinhas é como construir um registro mental vivo do mundo de nosso filho e ele é sempre um ponto de partida quando percebemos que nosso filho está angustiado e sem um motivo aparente.
Falamos na angustia não nomeada pela criança acima. Por outro lado, nosso filho pode se sentir angustiado por se sentir injustiçado. Temos a tendência de desconfiar de nosso filho quando a professora ou qualquer outra figura de autoridade manda um bilhete questionando o comportamento de nosso filho. Para a criança, isso representa um conluio com o inimigo! É como se a corda arrebentasse para o lado mais fraco.
Vou dar um exemplo para ficar mais claro: imagine uma menina bem alta para a idade e que tem algum grau de comprometimento visual. A professora muito rude faz um comentário sobre sua altura, afirmando que ela deveria estar sentada na última fileira tendo em vista seu enorme tamanho. Em virtude de sua altura, ela estaria atrapalhando a visão das crianças de estatura regular.
A mãe, se não levar em conta a acuidade visual da menina, poderia dar razão para a professora e isso faria a menina se sentir inadequada. Por outro lado, a mãe poderia validar os sentimentos da filha e dizer: “Eu entendo como você está magoada e constrangida”! Essa simples frase aproxima a mãe da criança e juntas podem buscar uma solução adequada junto a professora. A menina poderia sentar no início das fileiras laterais.
E quando você for o motivo da ira de seu filho?
A empatia é de mão dupla – serve para o outro e serve para você. Imagine que você proibiu sua filha de 10 anos de assistir TV até as notas melhorarem e ela está muito descontente com sua atitude. Tudo bem, você pode dizer de maneira gentil; “Eu entendo o motivo de sua frustração. No seu lugar também estaria me sentindo assim!”
Frases como essas ajudam a desarmar a “braveza” e a estimular um diálogo, desde que não exista revanchismo e descaso nas suas considerações. Normalmente, a empatia abre caminho para achar novas soluções em conjunto.