Dormir representa mais que boas horas de sono. É se abastecer de “energia sonífera” para um novo dia. A criança quando dorme bem, melhora a memória, potencializa o bom humor, a disposição para brincar e aprender. Um soninho reparador previne doenças crônicas e distúrbios do humor.
Estudos realizados pelo Jornal de Pediatria Americano em 2012, mostrou que uma em cada dez crianças de até três anos sofrerá de alterações noturnas de sono, que afetarão não só seu descanso, como também seu desenvolvimento físico, mental e emocional. Não é a toa, que os mais velhos costumam dizer, que o “sono alimenta”.
Na atualidade sabemos que o hormônio de crescimento é sintetizado durante o período de sono, regulando o crescimento infantil, bem como atuando como um potente reparador de diversos tecidos do organismo e seu funcionamento.
Quando o “pequenino” não dorme, seu organismo fica vulnerável à doenças e desordens. Conheça algumas delas:
1- Falta de atenção: o cérebro precisa descansar para reorganizar suas múltiplas conexões. Durante o sono o sistema nervoso central arquiva informações e consolida a memória. Quando a criança apresenta um sono picadinho seu sistema de atenção fica prejudicado, deixando a criança agitada, hiperativa e desorganizada;
2- Metabolismo desregulado: criança que não dorme bem apresenta maior probabilidade (quatro vezes maior) para distúrbios orgânicos crônicos. O estresse gerado por noites mal dormidas retroalimenta os distúrbios de humor;
3- Distúrbios de humor: a criança ao ser privada de um sono reparador pode ter reduzida sua produção de endorfinas. Essas substâncias são responsáveis pelo bem estar, capazes de minimizar riscos de transtorno de ansiedade e depressão. Imagine o que essa situação representa para uma criança em fase escolar!;
4- Baixa imunidade: uma criança que dorme bem apresenta um sono reparador e seu sistema imunológico está atento para combater os intrusos. Há evidências de que a criança, que não dorme bem apresenta uma produção inadequada de anticorpos. Resultado, maior predisposição a infecções;
5- Dor de barriga: quando os pequenos têm uma boa noite de sono, elas reduzem a produção de substâncias inflamatórias (citocinas) de maneira a proteger o sistema digestivo;Tudo bem, até o momento entendemos porque o sono é tão importante para os pequerruchos. Contudo, existem outras situações, não menos preocupantes, que podem prejudicar o repouso das crianças e que merecem a nossa atenção como pais zelosos.
1- Insônia infantil: de início pode ser relacionada à certa ansiedade infantil, como a separação da mamãe, controle do ambiente ao seu redor, falta de rotina de sono e regras inadequadas na hora de ir para a cama ( TV ligada, dar mamadeira de madrugada em fase infantil, que ela não precisa mais, passeio de carro para induzir ao sono, etc.). Toda criança apresenta micro-dispertares e se ela percebe que está sem seu acessório, seu mecanismo de defesa é acordar e reivindicar o que está lhe faltando.
A rotina é uma aliada do sono, e, desenvolver um comportamento positivo antes de dormir é proporcionar saúde de sono a criança (relaxar antes de dormir, leitura, banho morno, musica relaxante, etc.).
2- Terror noturno: quem nunca ouviu falar sobre o tema. A criança vai para a cama tranquilamente, mas de repente, ainda dormindo, começa a chorar, gritar, suar, se debater e por vezes até vomitar. Esse ciclo pode durar uns vinte minutos. Nesse ínterim, o pequeno volta a adormecer como se nada tivesse ocorrido. É um transtorno benigno e passa sozinho. E o remédio? Paciência e contenção para acriança não se machucar.
3- Sonambulismo: desordem do sono muito retratada em desenho animado. É mais comum em crianças de seis a dez anos. Dura em média três minutos e provavelmente está relacionado à imaturidade do sistema nervoso central e ao mecanismo sono versus vigília. Acordar o pequeno não é uma boa ideia, apenas assegure que as janelas estejam fechadas e as portas trancadas. Objetos no quarto não devem impedir o transito da criança, pois pode provocar acidentes. Tem cura? O problema regride espontaneamente.
4- Agitação noturna: comum em bebês acima de nove meses. O bebê se mexe muito, rola de um lado para o outro e bate as perninhas durante o sono. Com o tempo essa “hiperatividade” noturna vai diminuindo. É uma forma que o pequenino encontra para relaxar e se autoacalmar. Tem remédio? O tempo e os pais se certificarem que não tem nada no berço que possa feri-lo durante a noite.
5- Apnéia do sono: pode afetar uma a três crianças na faixa etária de um a seis anos em maior ou menor intensidade. Pode prejudicar o rendimento escolar, o raciocínio, a memória e a concentração. Não é incomum observar essa desordem do sono em crianças com renite alérgica, adenoide eu amígdalas aumentadas e no refluxo.
6- Ranger os dentinhos: o pequeno comprime a arcada dentária superior e inferior – o famoso bruxismo. É uma desordem que pode provocar dor muscular local, dor de cabeça, dor no pescoço, desgaste dos dentinhos, alterações articulares da boca. De onde vem isso? Pode ser decorrente de algum problema emocional que a criança esteja vivendo, conflitos difíceis de serem enfrentados, perfeccionismo, autoexigência, entre outros. Tem solução? A avaliação multiprofissional é bem vinda. Terapeuta, dentista e pediatra fazem uma bela tríade no acompanhamento dos pequenos com essa sintomatologia.
Essas são algumas alterações frequentes que os “pequerruchos” podem apresentar como alteração do sono de sono. Quase estava me esquecendo de mencionar o cochilo ou a sonequinha do meio da tarde (duração de uma a uma hora e meia). A maioria das crianças possuem uma agenda cheia desde pequenos, entretanto, vale a pena fazer uma pausa para recarregar as baterias de energia e dar um “up” no humor.