As pessoas nascem com seu determinado temperamento e ao longo do tempo vai moldando sua personalidade, seu caráter e o “ser” quem ela é.
É claro que o tempo vai nos tornando mais flexíveis e abertos para novas experiências. Todavia, aquilo que realmente somos – nossa essência – é difícil de mudar.
Quem casa com um parceiro “X” e acha que poderá transformá-lo em ‘Y” com o tempo está muito enganado. Se seu parceiro é tímido, pouco comunicativo e centrado em seus interesses, dificilmente, após o casamento, ele se transformará em um cara extrovertido, amante de longas conversas e adepto a festas.
Cada um tem suas características particulares e é um grande equívoco acharmos que a convivência a dois será capaz de modificar um ao outro ou vice versa. Somos o que somos e sujeitos a graus de flexibilização e não a uma mudança de cento e oitenta graus ou mais.
Em tempos passados, os papeis de um casal era bem delimitado, as mulheres quando casavam, conheciam suas obrigações como esposa: cuidar e administrar o lar e os filhos. Fazia pano de fundo para o marido poder sair para trabalhar e prover o sustento da casa e ponto!
Nos dias atuais as coisas não são mais assim. Cada parceiro reivindica seu papel na relação e nem sempre esse papel é igualitário ou equitativo. Os casais podem divergir sobre como cada um enxerga os direitos e deveres na comunhão a dois.
Não é incomum a mulher não expressar satisfação com o comportamento de seu parceiro no casamento. Sente que ele é pouco participativo e até egoísta na divisão de tarefas. O problema é que o homem não identifica a casa como um santuário ecológico. Em sua história de vida ele não participava dos deveres domésticos. Portanto, ele precisa de um tempo para se acostumar com a ideia de dividir tarefas.
A mulher tem uma tendência em querer conversar com seu parceiro sobre as coisas que incomodam na relação. Isso é bacana e muito saudável. O problema surge quando um dos dois, mais comum a mulher, começa a ver um determinado problema como algo grandioso, catastrófico e com pouca probabilidade de solução. Por exemplo, tive uma cliente que dizia não suportar mais seu casamento, pois seu marido, por mais que ela pedisse, costumava deixar o jornal sobre o braço do sofá, que segundo ela, ficava encardido. Quando isso acontecia, ela o chamava, estivesse ele onde estivesse para remover o jornal do sofá.
O que a maioria dos casais não enxerga é que o casamento ou a relação a dois não é uma balança totalmente equilibrada. Ora ela pende um pouco para a direita ora ela pende outro pouco para a esquerda. O que estou querendo dizer é que no “conjunto da obra” o casamento deve valer a pena. Querer ficar medindo erros e acertos a toda hora desgasta a relação, e, o melhor é procurar ser empático e educado.
O fato de um casal dividir o mesmo teto não implica que um pode invadir a intimidade do outro, ou mesmo, ser agressivo, displicente, inconveniente e abusivo. Pense, quanto mais exercemos a intimidade maior a nossa chance de deixarmos de lado a diplomacia, o cuidado com o outro e a delicadeza na comunicação.
Dialogar, flexibilizar e buscar o senso comum são ferramentas importantes para quem quer viver a dois. Contudo, achar que o outro pode ser tratado com toda espontaneidade do mundo, sem reservas de palavras e gestos é cair num desastre relacional.