A separação de um casal, sejam eles namorados recentes ou fruto de um relacionamento de longa data, não é nada fácil.
Romper a relação envolve uma carga extremada de sentimentos e sensações.
É como se tivéssemos que realizar um luto. Um luto existencial, um luto pela convivência que não deu certo, e até mesmo um luto pelo investimento afetivo que não logrou.
Fazer a passagem por meio do luto auxilia na elaboração do sofrimento e da aceitação, que algo teve um início, meio e fim. Facilita o entendimento e a recuperação da dor, por todo o tempo dedicado a uma pessoa em especial, aquela que de alguma maneira exigiu nossa atitude respeitosa, nossa consideração, nossa gratidão e o nosso sentimento de tristeza de que “não deu certo”.
Superada a dor do luto, saímos mais fortes e sábios, desapegamos do que é superfulo e passamos a olhar o mundo de outra maneira. Nos tornamos mais exigentes e talvez um pouco mais capazes. Temos a intenção de buscarmos parceiros que nos completem, e, que preencham espaços anteriormente descobertos. Mudamos nossos significados existenciais. Rompemos paradigmas!
Tudo isso parece muito bacana, mas, às vezes, as coisas não se comportam dessa maneira. Não superamos o luto, nos sentimos “conectados” a pessoa que findamos a relação, e, ela parece, aos nossos olhos, mais viva do que nunca. Pensamos o tempo todo nela!
Parece que nos tornamos reféns da antiga relação, e, o “ex” nunca nos pareceu tão atual. Perguntamos por ele com frequência aos amigos em comum, frequentamos os lugares do passado, que muito tinha a ver com a vida afetiva, e, o pior de tudo, temos acesso as “novidades” em tempo real via facebook e outras mídias.
O facebook se transforma em um dispositivo, que pode ser acionado a qualquer hora e de qualquer lugar, para checar a vida do “ex” parceiro. Não conseguimos nos desligar do passado. A sensação é de que ainda estamos atrelados ao antigo, aos sentimentos, aos odores, ao tato e a vida de antigamente. Entretanto, com uma grande diferença: um dos parceiros já elaborou o desapego!
Muitas vezes existe troca de mensagens não muito educadas. Os amigos participam das desavenças em multimídia e em tempo real. A comunidade ‘facebookiana” toma partido do desapega!
As coisas podem não parar por aí. O facebook pode ter co-participação do twitter, google, etc., e, quando o indivíduo percebe sua vida foi exposta ao vivo e a cores para um mundão de gente.
Quem vigia a vida do outro está experienciando o ciúme, as traições, as tristezas, a ilusão de que algo ainda pode mudar ou até mesmo curtir a dor de cotovelo em coletividade.
O fato é que as mídias sociais interferem na vivencia do luto. O que foi abandonado está sofrendo muito, se sentindo a última das pessoas. Porém, o que terminou a relação pode estar muito feliz e seguindo com sua vida sem olhar para trás.
As mídias nos deixam mais abusados e com o desejo incontrolável de dar “uma espiadinha” na vida do outro, e, sem percebermos nos mantemos conectados ao antigo parceiro, dificultando a passagem para uma etapa de superação e fortalecimento do “eu”.
Com diversas ferramentas para sabermos sobre o outro o que poderíamos fazer para resistir ao impulso de “dar só uma olhadinha” na vida do outro?
Penso que a melhor estratégia ainda é apelar para a autoestima, o altruísmo e a assertividade em bloquear o “ex” parceiro. Virar a página, não dar espaço para brechas, que não valem a pena, e, seguir em frente. Afinal das contas, o que todo mundo quer é ser feliz e viver em paz com as próprias escolhas, sem fantasmas e sem buracos negros!