O sonho de consumo de qualquer pai e mãe é que seus filhos colaborem, e, se possível sem ter que serem solicitados ou intimados. Seria algo meio fantasioso – um roteiro de filmes da Disney.
Independente de ser um sonho pode ser viável sim ter uma família onde cada um sabe seu papel e procura colaborar da melhor forma possível. Conseguir que as crianças participem das atividades rotineiras do lar não é como usar pó de “pirilimpimpim”. É necessário fazer um investimento diário!
Muitas vezes usamos um método para atingirmos um determinado objetivo e lá na frente, quando vamos fazer um balanço, observamos que precisamos fazer modificações e adaptações. Com as crianças precisamos fazer o mesmo, mas sempre deixando as regras claras!
Quem nunca se percebeu em uma ocasião agindo de uma forma e no final dela precisou mudar de ideia para atingir algo maior? Flexibilizar, é a palavra de ordem para qualquer pessoa, não importa se estamos falando de um adulto ou de uma criança. Flexibilizar, é ter uma caixa de opções, onde se uma falhar, podemos lançar mão de outra. É uma forma de acionar nossa inteligência emocional e ao mesmo tempo exercitar a de nossos filhos. Eles aprendem, sem perceber, que ao relativizar, as coisas podem acontecer sem grandes perdas.
Esta manhã uma mãe relatou que sua filha de 4 anos tinha dupla personalidade. Na escola ajudava a professora em tudo que era possível, e, demonstrava ser muito solicita com os amigos. Por outro lado, em casa era o contrário – a mãe tinha que pedir tudo acompanhado de um “pelo amor de Deus”! Essa história não é rara.
Precisamos lembrar que na escola as regras são claras e as crianças sabem o que os cuidadores esperam delas. A escola não pode funcionar se não existir regras, rotina, cronograma, disciplina, horários estabelecidos e etc para que tudo ande sobre os trilhos. Do contrário, a instituição viraria uma bagunça sem precedentes. Caso alguma criança burle alguma regra, de prontidão, alguém lhe explicará que isso não está correto e que da próxima vez ela deve fazer o certo. Lembre-se, é a constância que leva a perfeição.
O que isso tem a ver com nossas casas?
Estamos sempre correndo e fazendo mil coisas para dar conta do andamento da vida em comum no lar e na nossa pessoal – o que provoca um grande gasto de energia. Pois bem, por estarmos cansados, deixamos de colocar com frequência as regras e cobrá-las perante os filhos. É nesse momento que damos margem para brechas! Crianças são muito espertas e elas acham as brechas com a maior facilidade.
Não estou dizendo que temos que agir como generais em casa. Isso pode ser um desastre. Contudo, oferecer opções, com base na idade cronológica e maturacional da criança, é uma estratégia inteligente. Se a criança for pequena (dois, três ou quatro aninhos) duas opções podem ser interessantes. Uma criança maior, pode se beneficiar de duas ou três opções quando o caso exigir. Na dúvida, fique com duas!
Deixar que a criança escolha entre mil coisas, é o mesmo que desorganizá-la em nome da democracia. Caso ela ainda se sinta indecisa, ofereça sua ajuda de maneira calma e amorosa.
Para as crianças tudo é um grande jogo. Elas adoram ser desafiadas em suas habilidades e competências. Em vez de dar-lhes uma ordem (faça, pegue, guarde, coma, etc) procure negociar – use sua competência e lance mão de frases-chave: “Quero ver quem guarda mais brinquedos no baú!”; “Eu tomo banho em dez minutos e você?”; “Quem come mais cenouras, você ou o coelhinho?”.
O lado engraçado de sermos parentes responsáveis é que podemos ser teatrais sem sermos profissionais. Lançar mão da voz de um super-herói ou de um personagem famoso, pode ajudar a conseguirmos coisas com crianças na fase préescolar. Quando a criança estiver se negando a colaborar com algo importante, acione o Super-Homem que existe em você ou a Super-Poderosa e diga que agora você é um deles e faça sua solicitação. As crianças adoram e o bom humor facilita a rotina de qualquer casa.
Enfim, para conseguir que uma criança siga as regras que você considera fundamental, você pode de vez em quando, acionar sua imaginação: peça cantando, conte uma história e no final emende algo que você intenciona que seu filho cumpra ou ainda crie seu próprio jeito de levar a vida familiar com mais leveza, tendo sempre em mente que regras claras e objetivas facilitam o cotidiano de qualquer família e sociedade.